IA: especialistas alertam para riscos e oportunidades no mercado de trabalho

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A inteligência artificial (IA) está transformando o mundo do trabalho em ritmo acelerado, trazendo ganhos de produtividade, mas também riscos que precisam ser enfrentados. Esse foi o tema da palestra “Inteligência Artificial no Brasil: Regulação e Mercado de Trabalho”, realizada nesta quinta-feira (11) durante a XXI Reunião da Rede de Observatórios do Trabalho, organizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e pelo Dieese.

Na abertura, Igor Marquesine Ferreira, do Ministério da Fazenda, ressaltou que a IA não é apenas mais uma tecnologia, mas uma ruptura profunda. Ele lembrou que plataformas de IA alcançam milhões de usuários em poucos meses e apontou que áreas como programação e call centers já estão entre as mais expostas à substituição por sistemas automatizados. “Os ganhos potenciais são grandes, mas precisamos discutir os riscos, como as demissões, e avançar em um marco regulatório”, afirmou.

A subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho do MTE, Paula Montagner, destacou que a automação atinge especialmente tarefas repetitivas e defendeu transparência nas relações homem-máquina: “Ninguém pode estar falando com um robô sem saber. Sempre que estivermos interagindo com a IA, isso precisa estar explícito.” Ela também chamou atenção para a importância da qualificação e citou a Escola do Trabalhador 4.0 como ferramenta para capacitação digital.

Entre os estudos apresentados, Ângela Cristina Tepassê, do Dieese, apontou preocupações com plágio, vigilância, riscos à privacidade e aumento da ansiedade dos trabalhadores diante da pressão tecnológica. Segundo ela, os empregos de média qualificação são os mais vulneráveis à substituição.

Marcelo Vieira Graglia, da PUC-SP, reforçou que a IA pode gerar benefícios relevantes, como diagnósticos médicos mais precisos e serviços mais ágeis. Porém, questionou se os avanços serão distribuídos de forma justa: “A IA está muito associada à redução de custos com automação, mas precisamos discutir se isso realmente contribui para o desenvolvimento humano ou apenas empobrece o trabalho, impondo vigilância constante e reduzindo a autonomia do trabalhador”.

A Rede de Observatórios do Trabalho, que reúne órgãos locais em estados e municípios, atua na análise de dados e na produção de estudos sobre o mundo do trabalho, apoiando o Sistema Nacional de Emprego (Sine) e conselhos de trabalho estaduais e municipais. Para o MTE, o acompanhamento sistemático da IA será um dos principais desafios desse monitoramento nos próximos anos.

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