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No Brasil, não se fala em outra coisa. A proposta de Emenda Constitucional (PEC) que busca o fim da escala 6×1 e instituir uma jornada de quatro dias de trabalho semanal tem sido tema de debates em todos os espaços — das redes sociais às mesas de discussão política. Com grande apoio de trabalhadores, essa PEC, apresentada pela deputada Erika Hilton, traz à tona um tema urgente: o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal e o impacto de jornadas extensas na saúde dos empregados e na economia.
Para você que quer entender todos os detalhes dessa proposta e o impacto que ela pode trazer para a vida dos trabalhadores brasileiros, eu vou explicar tudo agora.
O que é a escala 6×1?
Antes de tudo, o que é essa famosa escala de trabalho 6×1?
A escala de trabalho 6×1 é um regime amplamente adotado no Brasil em que o trabalhador labora seis dias consecutivos, descansando no sétimo dia. Esse modelo, apesar de proporcionar uma folga semanal, é frequentemente criticado por não permitir um descanso adequado e por limitar a convivência familiar e social do trabalhador.
Esse sistema está enraizado na legislação trabalhista brasileira, mas tem sido alvo de debates intensos e propostas de alteração, visando a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores.
A insatisfação com a escala 6×1 vem aumentando significativamente nos últimos anos. Muitos trabalhadores relatam o desgaste físico e mental causado por essa rotina exaustiva, que limita o tempo de descanso e dificulta o convívio familiar.
A pressão por uma jornada mais equilibrada tem crescido bastante, levando a uma discussão cada vez mais forte sobre a necessidade de reformar esse modelo.
O Movimento VAT (Vida Além do Trabalho)
O Movimento “Vida Além do Trabalho” (VAT), fundado por Rick Azevedo, vereador eleito do Rio de Janeiro, destaca a necessidade de um equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Os signatários do movimento acreditam que o trabalho não deve limitar as atividades pessoais, o lazer, a convivência familiar e o bem-estar.
Por meio do VAT, Azevedo e quase 2 milhões e 500 mil brasileiros e brasileiras clamam por uma revisão das práticas trabalhistas, com foco em um ambiente de trabalho mais humano e justo.
Principais pontos da PEC
A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) apresentada pela Deputada Erika Hilton sugere uma mudança significativa ao artigo 7º da Constituição Federal, em seu inciso XIII, que estabelece a duração da jornada de trabalho. Os principais pontos da proposta são:
- Redução da Jornada Semanal para 36 Horas: a PEC propõe uma jornada máxima de 36 horas semanais, dividida em quatro dias de trabalho, sem diminuição dos salários.
- Fim da Escala 6×1: O objetivo é eliminar a necessidade de trabalhar seis dias consecutivos, permitindo um tempo maior para descanso.
- Escala 4×3: Escala de 4 dias de trabalho para 3 dias de descanso.
Justificativa para a PEC
A proposta surge de uma demanda pública expressiva, principalmente através do movimento VAT. As longas jornadas brasileiras são prejudiciais à saúde dos trabalhadores, reduzindo o tempo para descanso e aumentando o estresse e o desgaste físico e mental.
Além disso, a PEC também visa fortalecer a economia, pois, com mais tempo livre, os trabalhadores teriam a oportunidade de gastar em atividades de lazer e em outros setores do comércio, impulsionando a geração de novos empregos.
Argumentos contrários
Nem todos apoiam o fim da escala 6×1. Alguns empresários e economistas apontam que essa mudança pode trazer grandes desafios econômicos, tanto para as empresas quanto para o mercado como um todo.
Muitos acreditam que a redução de dias e horas trabalhadas pode gerar aumento de custos para os empregadores, que teriam que contratar mais funcionários para manter a mesma produtividade, ou pagar horas extras aos empregados atuais.
Além disso, citam o impacto econômico como um fator preocupante: uma redução na jornada de trabalho sem uma estratégia bem definida pode levar à queda na produção, impactando a competitividade das empresas e o preço final dos produtos e serviços no mercado.
Apesar de eu não concordar com esse ponto de vista, é preciso que você saiba que esses argumentos também existem.
A escala 6×1 ainda está vigente no Brasil
Apesar da proposta em andamento, o modelo de escala 6×1 ainda está vigente. A mudança legislativa proposta pela deputada Erika Hilton depende de uma aprovação pelo Congresso Nacional, um processo que exige intenso debate e análise dos impactos econômicos e sociais.
Como a PEC pode avançar no congresso
Para que essa PEC comece a ser discutida, é necessário que obtenha o apoio inicial de, no mínimo, 171 deputados. Após essa fase, a proposta passa por comissões e votações no plenário, onde pode ser alterada e ajustada.
Possíveis ajustes e aprovação
Ainda que a PEC avance para votação, é comum que o texto passe por modificações. Acredito que, no fim das contas, pode ser aprovada uma versão “mais light” dessa proposta, mantendo o fim da escala 6×1, mas ainda permitindo uma escala 5×2, com uma redução para 40 horas semanais.
Acredito fortemente que o fim da escala 6×1 é fundamental. Esse modelo impede que os trabalhadores realmente descansem e dificulta a convivência com familiares. Com uma folga extra, há uma oportunidade real para que os empregados aproveitem melhor seu tempo livre, movimentando a economia em setores como restaurantes, bares e hotéis.
Para apoiar a mudança na legislação e o fim da escala 6×1, assine a petição pública: Assine aqui.
Mestre em Direito; Professor; Advogado; Especialista em relações trabalhistas desde 2013. É fundador e CEO do Portal Direito do Empregado que conta com milhões de seguidores nas redes sociais.
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